Eu sou de uma época em que a internet discada era a revolução da tecnologia. Enviar um simples e-mail era um exercício de paciência, se tivesse anexo então, era preciso sentar e beber uma água. Hoje, faço isso em poucos segundos, com o meu celular, de praticamente qualquer lugar do mundo. Outra mudança é o acesso à tecnologia, que está cada dia mais difundida.
Uma pesquisa com dados de 2019 mostra que 82,7% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet, isso representa um crescimento de 3,6 pontos percentuais em relação ao ano anterior. O crescimento da conexão de domicílios à internet aconteceu de forma mais significativa na área rural, que saltou de 49,2%, em 2018, para 55,6%, em 2019, o que corresponde a um aumento de 6,4 pontos percentuais.
Mas é claro que além do acesso, é preciso buscar a evolução. Por isso, a implementação das conexões de quinta geração, o 5G, que aumenta o acesso à internet por diversos fatores, têm ganhado espaço. O principal motivo é que, com o leilão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) distribuindo as faixas de frequência de operação do 5G para as operadoras de telefonia, haverá a obrigação de expandir também o 3G e o 4G.
O 5G vai multiplicar a velocidade da internet, mas também irá exigir um aumento no número de antenas e na rede de fibra óptica. A previsão é que seja necessário até cinco vezes mais do que para o 4G, que já não tem cobertura total no país. Um dos principais entraves para a instalação de novas antenas são as legislações municipais. Temos 5.570 municípios no Brasil e legislações diferentes, isso causa dificuldade de instalação da rede móvel.
Dentre as melhorias prometidas pela nova tecnologia, está a telemedicina, que pode resolver 95% dos problemas de saúde e ganha espaço com 5G, capazes de difundir novas técnicas que vêm sendo testadas no mundo todo, como as telecirurgias. Apesar de parecer algo possível somente em um futuro distante, as telecomunicações quebram barreiras geográficas, possibilitando um atendimento médico mais democratizado. É um método que veio para ficar e para beneficiar pacientes e profissionais com mais segurança e comodidade. Até porque, apenas 25% da população têm plano de saúde privado, o que causa um congestionamento no Sistema Único de Saúde (SUS).
A mudança na rede possibilita avanços em áreas como a automação, na indústria, veículos autônomos e agricultura, além de tecnologias com aplicações variadas, como a realidade aumentada e virtual. Por isso, acaba sendo destinado mais para empresas. Mas, a tecnologia também gerará muitos impactos positivos para o consumidor final. Por isso, as telefônicas têm feito um grande esforço para lançar aparelhos compatíveis, expandindo o mercado para diversos níveis de poder aquisitivo.
As operadoras de telecomunicações que vencerem o leilão da Anatel, que deve acontecer ainda em 2021, terão algumas exigências a cumprir, como em municípios com mais de 500 mil habitantes, o 5G deverá ser implementado até julho de 2025; com mais de 200 mil habitantes, até julho de 2026; por fim, os que tiverem população acima de 100 mil deverão ter o território atendido pela rede até julho de 2027. Com isso, é previsto que 100% dos municípios com menos de 30 mil habitantes sejam atendidos até dezembro de 2029.
Apesar de parecer uma realidade ainda distante, a nova tecnologia promete sanar muitos dos problemas atuais causados pelas redes de internet de terceira e quarta geração. Um estudo realizado pela Nokia e Consultoria OMDIA, mostra que a nova rede tem o potencial de geração de aumento de 1 ponto percentual no PIB do País em média por ano entre 2021 e 2035. Ao contrário do que se pensa, a internet 5G revoluciona muito mais do que a velocidade, mas também a latência e a cobertura de rede, e isso representa desenvolvimento e evolução de mercado.